No quinto episódio da 3a temporada de É Tudo Culpa da Cultura, a gente conversa com o antropólogo Wagner Alves - Silva sobre como o corpo se torna o campo de disputa entre o trabalho, a dor e o reconhecimento social.
A partir de sua pesquisa com trabalhadoras do interior de São Paulo, Wagner revela como mudanças abruptas na economia, como a substituição do trabalho no campo por empregos industriais, criam um apagamento da capacidade de “ler” o próprio corpo. Entre diagnósticos biomédicos e burocracias do INSS, essas mulheres precisam transformar a dor em narrativa eficaz para serem ouvidas e reconhecidas como doentes.
O episódio discute o conceito de "trabalhador-paciente", o papel simbólico da ficha médica e a luta por legitimidade em ambientes que exigem produtividade, mas não oferecem escuta. Entre a desconfiança institucional e o orgulho do médico, emerge um corpo relacional: marcado pela doença, mas também pelas redes de cuidado, resistência e reinvenção.
Um episódio potente sobre saúde, gênero, trabalho e o que significa adoecer em um sistema que espera que você aguente, mesmo quando o corpo já não aguenta mais.
Apresentação: Michel Alcoforado
Roteiro: Michel Alcoforado
Produção e Pesquisa: Fabíola Gomes
Captação, sonorização e edição: Voz Ativa Produções
Vinheta: Estúdio Cavalo
ID Visual: Diego Oliveira e Juliana Silva
Plataformas e mídias: Carla Viveiros
Gestão de projeto: Carolina Piza
AUTORES CITADOS NO EPISÓDIO
David Le Breton, Cláudia Fonseca, Gilberto Velho, Philippe Descola, Marcel Mauss
INDICAÇÃO DE LEITURAS