Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou. (Tt 3.3-5)
Você não precisa de um corpo de bombeiros para ir à sua casa se ela não estiver pegando fogo; nem gostaria que um médico administrasse um soro intravenoso quando você está perfeitamente saudável. É inútil. Da mesma forma, até que estejamos verdadeiramente conscientes de nossa necessidade de perdão, a história da graça e misericórdia de Deus realmente não significa muito para nós. Vamos achá-la irrelevante.
De vez em quando, somos todos culpados de olhar em volta e reconhecer que os outros estão terrivelmente carentes de perdão, enquanto fechamos os olhos para nossas próprias necessidades. “Felizmente”, dizemos a nós mesmos (embora não gostemos de admitir isso), “não sou como eles.” Pela graça de Deus, porém, logo percebemos que também fomos indelicados, dissemos e fizemos coisas que não deveríamos, ou deixamos de fazer o que deveríamos. Nesses momentos de convicção, estamos cientes de nossa necessidade de perdão e somos gratos quando ele é estendido por aqueles a quem ofendemos.
Em outras palavras, não podemos ter todo o lado positivo do perdão sem o lado negativo de reconhecer nosso pecado. Primeiro, precisamos nos ver corretamente: por natureza, somos como ovelhas perdidas, rebeldes contra Deus, vasos vazios que precisam ser preenchidos. Precisamos aceitar que, por mais que continuemos na vida cristã e por mais que o Espírito nos mude nesta vida, nunca superamos nossa necessidade de graça, pois nunca superamos nossa própria pecaminosidade. Precisamos perceber o que merecemos por nossos pecados antes de nos curvarmos maravilhados com a percepção de que um Salvador perfeito morreu em nosso lugar e pagou tudo o que devemos para podermos receber o perdão de Deus.
Nossa grande necessidade é continuarmos a nos voltar para Cristo em fé e arrependimento. Cada um de nós, não importa onde estejamos em nossa caminhada com Cristo, precisa orar para que Deus nos mostre a verdade sobre nós mesmos e sobre nosso Salvador. Então, à medida que crescemos em nossa compreensão de tudo o que merecemos, adoraremos esse mesmo Salvador cada vez mais a cada dia. Ficaremos admirados com o amor de Deus e tudo o que Jesus fez por nós.
Faça uma pausa agora, portanto. Peça a Deus: “Mostra-me a mim mesmo” e reflita sobre seu próprio pecado. Em seguida, peça a ele: “Mostra-me meu Salvador” e desfrute da realidade e da alegria de sua misericórdia. Então a bondade e a misericórdia dele ao salvá-lo consumirão suas afeições para que você se junte alegremente ao coro:
A misericórdia ali era grande e a graça gratuita;
O perdão se multiplicou para mim;
Ali minha alma oprimida encontrou liberdade
No Calvário.