Que é isso que fizeste? (Gn 3.13)
As Terras Altas da Escócia estão cheias de castelos que não são mais habitados. À luz do sol do entardecer, não é difícil reconhecer que, ao mesmo tempo, esses devem ter sido lugares magníficos. Embora não tenham mais janelas ou tapeçarias, muito menos residentes, o esplendor dessas estruturas antigas remete à sua antiga glória, mesmo em sua condição agora de ruínas.
Este mundo está cheio de glória arruinada, pois este mundo está cheio de pessoas. Adão e Eva foram o ápice da obra criativa de Deus, e ele estava absolutamente satisfeito com eles. Eles foram criados com uma inclinação para fazer o bem. Porém, cobiçando um trono que nunca poderiam ocupar — o trono de Deus —, eles acabaram degradados, perdendo o lugar e os privilégios para os quais foram criados.
Ao tentar Eva, a primeira estratégia da serpente foi lançar dúvidas sobre o que Deus havia dito, desafiando sutilmente a veracidade de sua palavra — e ela sucumbiu. Ela acreditou na mentira de que não se podia confiar em Deus para fazer o bem. Tendo plantado a semente da dúvida, a serpente então a regou com ambição. Uma vez que uma pitada de incerteza começou a encher a mente de Eva, o apelo ao orgulho era mais do que ela poderia suportar.
Comer o fruto era errado simplesmente porque Deus havia ordenado não comê-lo. No entanto, a oportunidade de satisfação imediata pareceu anestesiar Adão e Eva quanto às consequências dolorosas de suas ações futuras e à ruína que viria sobre o esplendor que conheciam. Então, como se a desobediência em si não fosse ruim o suficiente, em meio ao engano e à desobediência, eles procuraram negar a responsabilidade.
Como Adão e Eva, nós também somos propensos a presumir que nós, e não Deus, somos os juízes finais da verdade. Uma vez que decidimos procurar remover o Deus Criador, que fala uma palavra cheia de autoridade e verdade, negamos a ele o direito de ordenar nossa obediência. Todavia, quando rejeitamos o governo de Deus, não nos tornamos nossos próprios mestres; simplesmente nos colocamos sob o domínio de toda uma série de mestres menores: engano, escuridão, desespero e morte.
“Que é isso que fizeste?” Todos nós acreditamos na mentira de que nosso caminho é melhor do que o de Deus. Mas ele chegou ao ponto de enviar seu Filho para que a dureza de nossa rebelião fosse esmagada por sua bondade, que “é melhor do que a vida” (Sl 63.3). Ele fez resplandecer a sua Palavra diretamente em nosso coração, para que possamos ver seu esplendor agora e para sempre, e para que possamos ser refeitos à sua imagem e restaurados à glória que Deus sempre planejou às criaturas portadoras da sua imagem. Ver a sua bondade e estar sob o seu domínio é o que nos liberta do domínio do engano, da escuridão, do desespero e, sim, até da morte.