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Luiza Gianesella

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entremarésentremarés45b. gérmen - por vitor varella @varellavitorhttps://www.instagram.com/varellavitor2021-09-2601 minentremarésentremarés43b. morte - por jony pupo @joaopedrotphttps://www.instagram.com/joaopedrotp2021-09-2601 minentremarésentremarés40b. dobra - por jocarla gomes @jocarla_gomeshttps://www.instagram.com/jocarla_gomes2021-09-2601 minentremarésentremarés38b. lodo - por daniel minchoni @danielminchonihttps://www.instagram.com/danielminchoni2021-09-2602 minentremarésentremarés29b. xadrez (monogamia) - por erika da mata @erikadamata.arthttps://www.instagram.com/erikadamata.art2021-09-2601 minentremarésentremarés24b. entidade - por wanderson martins @comunistaveghttps://www.instagram.com/comunistaveg2021-09-2601 minentremarésentremarés21b. sol na casa VII, II - por karine kelly pereirahttps://www.instagram.com/karinekellyp2021-09-2600 minentremarésentremarés18b. touro morto - por anderson antonangelo @anderson.antonangelohttps://www.instagram.com/anderson.antonangelo2021-09-2601 minentremarésentremarés13b. a rua - por vitória oliveira @epifaniafrugalhttps://instagram.com/epifaniafrugal2021-09-2601 minentremarésentremarésVI. colofãoPorque cantar é um subterrâneo. Depois é um pátio. Herberto Helder, “Poemacto I”2021-09-0500 minentremarésentremarésV. sobre a autoraluiza gianesella nasceu em 1987 em são paulo/sp, onde (ainda) vive, e é poeta lato sensu e (arte-) educ(omunic)adora. foi finalista do VI Prêmio Jovem Literatura Latino-Americana (MEET - Maison des Écrivains Étrangers et des Traducteurs de Saint-Nazaire) em 2008, com o livro de contos Solipsismo (inédito). tem textos publicados nas antologias Literatura Crônica (Andross, 2008) e Posfácios (Hecatombe, 2021) e nas revistas Dizpacho (edição independente, 2018) e agagê 80 (Borboleta Azul, 2020). entremarés é sua primeira publicação individual. gianesella.wordpress.com luiza.gianesella@gmail.com @poetalatosensu Foto: Pedro Nobrega (@salga2021-09-0501 minentremarésentremarésIV. posfácio (tríptico crítico), por Anderson Antonangelo, Taynnã de C. Santos & Vitor Varellaiv. posfácio (tríptico crítico) por Anderson Antonangelo, Taynnã de C. Santos & Vitor Varella2021-09-0507 minentremarésentremarés49. apocalipse pretéritoapocalipse pretérito mãe, obrigada por ter parido duas mulheres no limiar do apocalipse. não sei ao certo quando foi. mas passou. e resta um presente estendido, força esgarçada. quando acabar de cair essa noite estarei ereta diante de uma porteira ou de um portal, olhos fixos nas estrelas. que as conquistas sejam muitas ou poucas, não importa. terei vivido a sobrevivência. celebrado riso e canto. caminhado de pés descalços so...2021-09-0502 minentremarésentremarés48. testamento vitaltestamento vital quero morrer viva 2021-09-0500 minentremarésentremarés47. testamentotestamento o que tenho de mais valioso simplesmente não se arrola (a vida é menos escola que fonte incessante de esmolas) mas nessa labuta sem frutos construo uma surda luta se nada aqui é meu nada que reste — brasa no breu — será alvo de disputa que o silêncio que se siga equivalha àquele que nos bons momentos pude e soube cultivar (que seja um silêncio denso prenhe de tudo que ainda haja por se desenrolar) que só me...2021-09-0502 minentremarésentremarés46. efemérideefeméride faz um ano que digo esta frase sem metáforas atenuantes: minha mãe morreu há um ano fotografei um reflexo de luz fria na pedra fria do chão do hospital retrato de plena agonia? mas talvez também reconhecimento? e concretização? do que já se sabia que viria? talvez ainda um mínimo reconhecimento de beleza? tentativa mínima de criação dentro do limite possível então do afeto?2021-09-0502 minentremarésentremarés45. gérmengérmen há uma semana morreu uma mãe em porto alegre quando morre uma mãe é um pouco a morte de uma semente germinada permanece uma lembrança e mais uma genética e mais uma espécie de esperança morte por desespero / um desespero à beira da morte depois somente apa- tias uma espécie de silêncio cal- marias em fotos um congelamento de gestos em áudios rediviva vibração em textos calig...2021-09-0501 minentremarésentremarés44. réquiem para minha mãeréquiem para minha mãe viver um carnaval deveria ser algo como uma euforia alforriada no entanto sinto a vida escorrer como a água escorre de uma pedra de gelo que queima o interior de um punho cerrado respirar me parece a cada dia menos automático todos os futuros projetados me parecem longos demais tudo por fazer e tudo tão importante e em 31 anos mal aprendi a tocar alguém (...) --- o texto...2021-09-0508 minentremarésentremarés43. mortemorte esta noite sonhei a morte a morte era uma baleia branca já morta impedida de descer às profundezas por ahmad, um jovem jamal, amigo de ahmad, como aliás cabe a todo pianista de jazz, acompanhava ahmad submerso montado nas costas da baleia enquanto afundavam lenta e paulatinamente debatiam a natureza das coisas e suas conjecturas formavam corrente ascendente — imagino-a quente — contrabalanceando a inexorável gravidade jamal um pouco condescendente consciente de que aquilo não podia dur...2021-09-0501 minentremarésentremarés42. os homens que amarei, IIIos homens que amarei, III sou grata às melodias que eu alcanço – pois tudo o que lanço fere e lava. agradeço às palavras de outra parte, e àquilo que por arte renasceu tornando-se apogeu adolescente de um amor ainda latente e já maduro, outrora espelho escuro e agora dia. sou grata às melodias que eu ressoo – pois tudo o que apregoo fere e cura. agradeço às loucuras de outra sorte, e àquilo que por morte fez-se nada tornando-se a chegada como em vulto de...2021-09-0501 minentremarésentremarés41. tantratantra celebro o perigo antigo de me perder no chanfro do seu maxilar de roçar com atritos a língua na superfície lanosa de seu ventre baixo onde tudo pulsa de acolher a geografia das suas mãos os veios e meios dos seus dedos à medida que nos engolfamos de forjarmos a expressão tardia e enfim silenciosa de um gozo agudo2021-09-0500 minentremarésentremarés40. dobradobra espere: antes de julgar olhe cultive um olhar e note nenhuma dobra nunca sobra nenhum flanco nunca passa em branco todo corpo sempre pede e lambe num escambo que não mede ou mente espere: antes de julgar a/prove 2021-09-0500 minentremarésentremarés39. sol na casa VII, IIIsol na casa VII, III e agora um poema como uma forma de abdicação abdicar de dar-se as mãos abdicar das paredes e de sua ilusão abdicar do reflexo que insinua comunhão satisfazer a garganta no coro satisfazer as unhas no couro satisfazer a língua no encontro da canção (um poema para doar as mãos)2021-09-0500 minentremarésentremarés38. lodolodo é que todo o lodo trazia o modo de minar o medo 2021-09-0500 minentremarésentremarés37. os homens que amei, IIos homens que amei, II os homens que amei amo-os todos ainda isso nunca será segredo mas também não será jamais banalidade de mesa de café-da-manhã 2021-09-0500 minentremarésentremarés36. utopiautopia que minhas palavras no papel sejam precipitação que escoa fervura ou decantação que separa esta bile negra do que quer que reste que o que quer que reste seja força e retome o passo que nossos olhares se cruzem novamente sem medo ou cansaço 2021-09-0500 minentremarésentremarés35. tramatrama para luiza gianesella apaixonar-me por outro como uma espécie de vingança vingar o desamor que me pesou numa balança / a dúvida alojada nos rejuntes (uma falta quantitativa?) oferecer-me com abertura (e alguma interdição) todo gesto um cálculo toda escuta uma pista todo momento aferição (mas só agir na certeza da mútua afeição: exige espreita) meus soslaios alertas alimentam um ciúme ...2021-09-0501 minentremarésentremarés34. sororidadesororidade para carine, que não conheço floresça sempre e sempre se kali 2021-09-0500 minentremarésentremarés33. espelhoespelho um reflexo se você lesse meus poemas me amaria? uma reflexão escrever esses poemas é uma forma de amar? a quem?2021-09-0500 minentremarésentremarés32. dedodedo (e como tudo que aponta prum fato ou prum medo esse dedo é um dado e um segredo)2021-09-0500 minentremarésentremarés31. stellium na casa Istellium na casa I toda tentativa é uma cosmogonia toda cosmogonia tudo inclui e exclui todo (o) resto2021-09-0500 minentremarésentremarés30. mon roimon roi close-up de um beijo faces sangrando a(à)s margens dela se veem apenas fragmentos uma nesga de lábio um olho fechado em êxtase mirando nebulosa distante mal (se) sabe de quem (se) trata ele nítido em primeiro plano perfil claramente delineado contra ela o charme dos cabelos desalinhados o charme da barba por fazer o charme das marcas de expressão o charme de uma leve desproporção áurea (vir...2021-09-0501 minentremarésentremarés29. xadrez (monogamia)xadrez (monogamia) neste chão quadriculado — preto ou branco eu ou ela sim ou não amor ou distância lembrança e expectativa — duas peças nunca ocupam simultaneamente a mesma casa se tu fores comido (ao menos neste tabuleiro) parece que acaba o jogo (o que fazer com o corpo?) a central limitação do rei: comer para todos os lados mas só uma casa por vez mas não saber por quê se joga ou contra...2021-09-0500 minentremarésentremarés28. os homens que amei, Ios homens que amei, I os homens que amei nunca me beijaram não foderam comigo por isso trago seus cheiros impregnados em cada dobra seus gostos incrustados no palato e o gozo encravado 2021-09-0500 minentremarésentremarés27. o homem que nunca ameio homem que nunca amei você se lembra do signo do homem que nunca amei e afirma que este homem que nunca amei foi meu assunto diário por meses como se eu fora uma adúltera inconsciente (embevecida por mim e pelo homem que nunca amei) e seus olhos desvelassem verdades que não me pertencem nunca me pertenceram mesmo que eu tivesse amado este homem que nunca amei que tivesse a ele me unido em cenários para mim para sempr...2021-08-2901 minentremarésentremarés26. gueixagueixa deixa pra lá deixa quieto deixa estar me deixa esta é minha deixa — tira de carne nua na nuca — linha d’água em carne-viva — lágrima contida não aceita pasta d’água sou a minha gueixa — vulcão dormente entrepernas — fogo atiça olhar parado — instrumento e faca à beira do ataca deixa sangrar2021-08-2900 minentremarésentremarés25. cicatrizcicatriz para lâmia brito céu nublado sol entre nuvens coagulação o encantamento na (ou da) desilusão e ilusões verdadeiras em construção porta trancada é eclusa fechada amor represado pra um outro navegar ferida aberta só cicatriza em contato com o ar força é deixar sangrar2021-08-2900 minentremarésentremarés24. entidadeentidade são paulo primeiro de março dois mil e dezenove sexta-feira nove-quarenta-e-cinco a.m. véspera de carnaval: cruzo uma entidade no largo da batata de relance iemanjá sem pertence ou pertencimento ímã isca anzol – olhar oculto de orixá veste um manto de plastibolha e não (se) sabe se faz frio ou calor – cooler de isopor figura seca e fluida pisando uma poça suja que cheira à noite anterior (à distância garis recolhem dejetos...2021-08-2901 minentremarésentremarés23. departuresdepartures¹ é como que por capricho que à noite os aviões ao partirem de GRU pivotam à esquerda entregando uma bandeja negra pontilhada de luz aos recém-desterrados estou entre eles a uma distância do chão que não calculo mas que percebo óbvio maior que a corriqueira e estar assim longe do chão vendo as luzes abaixo que como terço ou japamala contam são paulo em respiro ou oração é também estar um pouco long...2021-08-2903 minentremarésentremarés22. anacroniaanacronia o anjo da história voa a contrapelo um dia se rirão meus netos de minha enorme anacronia (se um dia os tiver) veremos juntos filmes (ou algo assim) e exclamarei se ainda for possível a exclamação sim era assim mesmo assim comíamos falávamos assim lavávamos as mãos e já naquela (minha) época era inegável a sensação de viver um tempo morto passado que não se atualiza embora feérico nunca chega ...2021-08-2901 minentremarésentremarés21. sol na casa VII, IIsol na casa VII, II e então um poema como uma forma de te dar as mãos adivinhar uma fronteira propor uma intersecção o toque como aposta um dedo que agora roça um espelho e a lâmina que se desfaz — cortina de prata por trás o espanto e algum medo: não há o que prever mas há o chamado de um segredo2021-08-2900 minentremarésentremarés20. mont-tremblantmont-tremblant um avião gigante que nunca decola — vontade de imigração como iminência de degola aeronave cenográfica num eterno taxiar na neve — quem (me) sonhar que me rel(v)ev(l)e2021-08-2900 minentremarésentremarés19. ouvroir d’amour potentielouvroir d’amour potentiel você não sabe da missa a metade ainda assim rolamos juntos (num abraço distante) rindo (eu te amo / você é lindo) pelo chão mas mesmo soando boa natural e fácil essa proposta é um jogo e uma restrição2021-08-2900 minentremarésentremarés18. touro mortotouro morto neste cenário galpão há apenas onde se está e onde se quer chegar: o rés do chão e este chalé com palafitas pra sustentar (de que água escura escapa nessa secura o lugar onde se quer chegar?) na escada que os conecta habita um corpo bovino — em cima a família, embaixo um trabalho oco braçal absorto: limpar o chão e sugar os olhos vazios de um touro morto ...2021-08-2901 minentremarésentremarés17. infelizmenteinfelizmente o clima mudou e o único dia que teríamos de luxo e diversão está bloqueado pela queda dos frutos tankian a piscina e outras atrações estarão fechadas por causa da queda dos frutos tankian — vejo por uma fresta a superfície da água coberta de pequenos frutos tankian (a iluminação do dia remete a um filtro vintage do instagram)2021-08-2900 minentremarésentremarés16. carta de amorcarta de amor você me é (nesse momento?) esquiva e logo não está (agora?) no apartamento (onde mora?) contorno como posso (devotada) a falta de comunicação: antiquada escrevo uma carta e vou entregar em mãos este tonel de lixo é a sua caixa de correio (você sempre esteve de mudança) fecho o envelope usando uma dentadura como lacre (dadas talvez as circunstâncias) tenho certeza de que depositada em meio a t...2021-08-2900 minentremarésentremarés15. freud em silênciofreud em silêncio hiato falho --- feat. sylas do saco preto, o gato2021-08-1800 minentremarésentremarés14. sol na casa VII, Isol na casa VII, I um poema como uma forma de me dar as mãos guia incerta sob intensa neblina fazer-se uma mínima companhia tatear no escuro os dedos roçando os próprios dedos depois repousar recostar-se costas contra as próprias costas em solitária vigília numa espécie de alívio um preâmbulo de recomeço (são densas essas paredes mais densas essas palavras tão dens...2021-08-1800 minentremarésentremarés13. a ruaa rua pra coelho de carvalho com que pés eu passo pela rua em dia claro? o asfalto pareceria hematita não fossem os rios em miniatura saindo da casa que sempre cheira a creolina. atravessado, um homem atarracado come torresmo no bar que cheira pior que creolina e o dia está tão claro que espanta. a rua se curva. com que pés eu passo pela rua? só o sabe um beagle gordo de olhos vermelhos que se arrasta num quintal terracota. quem percebe seus olhos quase humanos? um gato c...2021-08-1801 minentremarésentremarés12. a grande ficção/fricção/fixação (III)a grande ficção/fricção/fixação é tudo uma grande ficção/fricção/fixação a grande ficção/fricção/fixação que é a teoria de darwin o big bang uma grande ficção/fricção/fixação meu salário toda a economia ficção/fricção/fixação shiva e shakti só uma grande ficção/fricção/fixação jesus cristo allah o bardo ficções/fricções/fixações mesmo gautama o buda histórico não passa de uma grande ficção/fricção/fixação os chacras a astrologia2021-08-1802 minentremarésentremarés11. a grande ficção/fricção/fixação (II)a grande ficção/fricção/fixação é tudo uma grande ficção/fricção/fixação a grande ficção/fricção/fixação que é a teoria de darwin o big bang uma grande ficção/fricção/fixação meu salário toda a economia ficção/fricção/fixação shiva e shakti só uma grande ficção/fricção/fixação jesus cristo allah o bardo ficções/fricções/fixações mesmo gautama o buda histórico não passa de uma grande ficção/fricção/fixação os chacras a astrologia2021-08-1802 minentremarésentremarés10. a grande ficção/fricção/fixação (I)a grande ficção/fricção/fixação é tudo uma grande ficção/fricção/fixação a grande ficção/fricção/fixação que é a teoria de darwin o big bang uma grande ficção/fricção/fixação meu salário toda a economia ficção/fricção/fixação shiva e shakti só uma grande ficção/fricção/fixação jesus cristo allah o bardo ficções/fricções/fixações mesmo gautama o buda histórico não passa de uma grande ficção/fricção/fixação os chacras a astro...2021-08-1802 minentremarésentremarés9. tríptico circense: mestre de cerimôniasmestre de cerimônias silêncio sobe a luz e surjo por entre o lurex já não tão dourado de uma cortina drapeada sorriso em riste por sob a garoa de aplausos que então se instala eu abro os braços — quase em êxtase ou pelo menos assim pareço — e enceno esta hipérbole que me cabe; eu mesmo quase creio que o raio do picadeiro é infinito porém a dez, quinze metros de mim este público tão resp...2021-08-1501 minentremarésentremarés8. tríptico circense: o urso amestradoo urso amestrado como saber quão urso se pensa o urso amestrado? ou se se pensa humano, um humano deslocado que só a muito custo consegue fazer o básico? (com que despudor se movem bípedes esses meus companheiros de palco; quão fácil fazem parecer girar sobre o próprio eixo) maxilar contido por faixa de couro de tom disfarçado a cada passo ou ato uma mão oferece um fruto (difícil comê-lo assim,2021-08-1501 minentremarésentremarés7. tríptico circense: a pirâmide humanatríptico circense: a pirâmide humana eis os pés dos homens fortes sobre a serragem do picadeiro a milhares de quilômetros do núcleo negro da orbe de ferro e níquel líquidos — inalcançável / presente — que em rotação teórica revolve sucessivamente véus e capas do planeta por sobre cuja crosta agora apoiam-se calejados os pés dos homens fortes assim começa a pirâmide que seria de fato um triângulo não fossem — são? — os hom...2021-08-1502 minentremarésentremarés6. a história de w., o melhor escritor do mundoa história de w., o melhor escritor do mundo w. escreveu um só livro na juventude profunda e erudita reflexão ficcional sobre o amor e a morte viveu sozinho e miserável obsessivo ourives de sua obra seu ofício: banir excessos buscar a essência o tomo minguava queria a síntese máxima: significante igual ao significado: ligação direta vox/res: palavra perfeita quando w. morreu encontrou-o o dono da pensão fosse um pi...2021-08-1501 minentremarésentremarés5. o livroo livro reviravolta mental arrancou-lhe da cama no meio da madrugada escreveu às pressas por dias a fio transformando em livro o sentido da vida 1.000 páginas resultado de décadas de Estudo Reflexão Experiência era o privilegiado o escolhido tudo fazia sentido quis mallarmé ao lado para berrar-lhe stéphane, le livre! mas viu que pro francês não significaria nada a obra saíra tosca no afã da empreitada só ele a entendia reescreveu dobrou as páginas e tinha...2021-08-1502 minentremarésentremarés4. caldercalder afogar-se até as guelras em seu habitat afogar-se a guerra é silenciosa freática subterrânea mas não é vã uma escultura de arame que ressoe o centro do mundo que longe de nossas mãos de nosso domínio alcance uma quarta dimensão que sugira mas há que se moldar o arame moldá-lo com alicates torções e bolhas nos dedos o arame é dúctil mas não é etéreo longo mas não infinito maleá...2021-08-1502 minentremarésentremarés3. acrílico e diamanteacrílico e diamante I queremos dissecar diamantes com instrumentos de acrílico. há ritmos obscuros no interior da terra. por sobre a crosta, depositamo-nos: lençóis arqueados, abafamos o chamado aflito proferido no idioma mais sutil — sutil demais para nossa investida surda. acolhemos pretensiosamente o mundo encharcado em nossos próprios hálitos. II mesmo que os confusos prolongamentos dos nossos dedos e nossos olhos e nossa língua penetrem a carne do mundo, mesmo que nossas sombras se...2021-08-1502 minentremarésentremarés2. reflexoreflexo reflexo da luz no espelho nos óculos no espelho dos óculos no espelho dos óculos do espelho num vaso de vidro que deforma o através o reflexo disforme da luz que o atravessa lua do alto no asfalto deitada derretida derramada rebaixada pisável pisada porém alta estável longe e intacta em esquadrias de alumínio o mínimo reflexo no metal encravado totalmente ignorado por quem passa (só mais um reflexo do dia que se esv...2021-08-1501 minentremarésentremarés1. sinasina nunca começa nada que termina2021-08-1500 minentremarésentremarésIII. epígrafeQue os mortos me perdoem por luzirem fracamente na memória. Me desculpe o tempo pelo tanto de mundo ignorado por segundo. Me desculpe o amor antigo por sentir o novo como primeiro. Wisława Szymborska “Sob uma estrela pequenina”2021-08-1500 minentremarésentremarésII. dedicatóriadedico este livro — in memoriam — à minha mãe, fernanda gianesella — crustáceo de carapaça, cabra com rabo de peixe2021-08-1500 minentremarésentremarésI. orelha, por gabriel pedrosaorelha do livro "entremarés", de luiza gianesella, escrita por gabriel pedrosa. o livro foi publicado em 2021 pelo selo Borboleta Azul.2021-08-0503 min